O Controle do Pensamento
“Fotosfera psíquica, entretecida em elementos dinâmicos, atende à cromática variada, segundo a onda mental que emitimos, retratando-nos todos os pensamentos em cores e imagens que nos respondem aos objetivos e escolhas, enobrecedores ou deprimentes” André Luiz (Evolução em Dois Mundos, Capítulo XVII)
Sabemos, no meio espírita, como é importante a reforma íntima, a mudança de sentimentos e de impulsos equivocados que todos trazemos, certamente, de um passado desditoso do qual fomos protagonistas. Esta é a forma necessária para nos aproximarmos da conduta evangélica indicada pelos ensinos morais de Jesus, apresentado como modelo de vida a ser seguido.
Na verdade, quem não quer ser melhor espiritualmente hoje do que ontem? No fundo, mesmo, todos querem, ainda que não demonstrem. Esse rumo impõe-se pela própria lei do progresso.
É o que nos diz a doutrina dos espíritos.
O roteiro a ser seguido inclui uma diversidade de ações no campo do treinamento de virtudes como a paciência, a tolerância, a condescendência, a benevolência, a caridade e uma série de outras qualidades que o nosso ser necessita, com toda certeza, aprimorar. Trata-se de uma renovação mental, de mudança de valores, o que não é muito fácil realizar.
Essa é uma árdua tarefa (ainda que não impossível) em virtude de estarmos modificando hábitos e condutas milenares, difíceis de abandonar. Assim, uma forma de empreender melhor a chamada reforma interior é o que podemos chamar de “controle da mente” ou “controle do pensamento”, entendido como sendo a atitude mental condicionada pela vontade.
Mente e pensamento. Entre outros significados, os dicionários da língua portuguesa indicam um: espírito. Não será de todo errado se considerarmos os dois primeiros conceitos contidos no segundo.
O pensamento atua como um processador que processa aquisições realizadas, conscientes ou inconscientes, nas áreas cognitiva, afetiva e psicomotora. É o pensamento que responde pela criatividade, pela elaboração de análises e de ilações, pelas conjecturas. Nele estão presentes a genialidade, os hábitos, as manias, o psiquismo, a vontade, as conquistas no campo das virtudes e dos vícios. Tudo, conquista do espírito.
Se perfeito o corpo físico, pela massa encefálica o espírito encarnado se relaciona com o mundo externo por intermédio do seu pensamento. Nele se encontram o que estamos tramando ou edificando, as sensações de todo o tipo, as percepções, medos, angústias, e mesmo a fala, seja ela fruto de elaboração consciente ou não. Tudo, enfim, está no que chamamos de pensamento e é por ele que nós interagimos com o mundo exterior refletindo o nosso mundo interior.
No Capítulo XIV de “A Gênese”, Allan Kardec amplia-nos o entendimento a respeito da ação do pensamento e da vontade sobre os fluidos espirituais. Esses fluidos (matéria etérea) existem em todo o Universo e podem ter suas características básicas modificadas pela força do pensamento.
Nossa mente projeta fora de nós as formas, as figuras e os personagens de todos os nossos desejos, inclusive com todo o conteúdo dinâmico do cenário elaborado. Assim, atraímos ou repelimos as mentes que conosco assimilam ou desaprovam nosso modo de pensar. Imaginamos que sempre estamos sozinhos com o nosso pensamento. Ledo engano. Nós o compartilhamos com inúmeras outras inteligências.
À atmosfera fluídica associam-se seres desencarnados com tendências morais e vibratórias semelhantes. Por esta razão, os espíritos superiores recomendam que nossa conduta, nas relações com a vida, seja a mais elevada possível. Uma criatura que vive entregue ao pessimismo e aos maus pensamentos, tem em volta de si uma atmosfera espiritual escura, da qual se aproximam espíritos doentios. A angústia, a tristeza e a desesperança aparecem, formando um quadro físico-psíquico deprimente, que pode ser modificado sob a orientação dos ensinos de Jesus.
Os pensamentos bons produzem luminosidade e vibrações elevadas que causam conforto e sensação de bem estar às pessoas sob sua influência. Os pensamentos maus, por sua vez, provocam alterações vibratórias contrárias. Os fluidos ficam escuros e sua ação provoca mal estar físico e psíquico.
O próprio corpo fluídico (perispírito) é constituído desse mesmo fluido existente no orbe terrestre, podendo, também, ter suas moléculas (composição) alteradas pela ação da força da mente. Isto explica a influência que há entre os seres humanos.
Os fluídos agem sobre o perispírito, e este, por sua vez, reage sobre o organismo material com o qual está em contato molecular. Se os seus eflúvios forem de boa natureza, o corpo recebe uma impressão salutar; se forem maus, a impressão é penosa. Se os fluidos maus forem permanentes e enérgicos, poderão determinar desordens físicas. Certas moléstias não têm outra origem senão essa influência maléfica, causadora de enfermidades de diagnóstico obscuro.
Quando estamos irritados, envolvidos por ódio, inveja, ciúmes, orgulho, egoísmo, sentimento de vingança, irradiamos pelo pensamento vibrações de baixa qualidade que geram os chamados “ambientes pesados”. As pessoas sensíveis percebem esse influxo. A ação do pensamento pode ser tão poderosa que o efeito, às vezes, torna-se explicitamente percebido, como os chamados “dardos de inveja”, “olho grande”, “quebranto” etc.
De outra forma, quando estamos concentrados em prece, desejando o bem, servindo ou ajudando ao próximo com pureza de sentimentos, nossas vibrações elevadas geram os chamados “ambientes leves”, “ambientes higienizados”, característicos que são das casas de oração, dos centros espíritas ou das residências em que seus habitantes vivam harmonicamente e tenham por hábito sistemático a oração e o culto do evangelho no lar.
André Luiz, em suas obras, revela-nos, invariavelmente, que a atitude mental voltada para o bem, observada durante todo o dia, fruto da disciplina intelectual e emocional, nos facilita a saída durante o sono físico para rumos edificantes, permitindo-nos receber a ajuda do Alto, de que tanto necessitamos na trilha terrestre.
Vigiar e orar, aconselhamento que não pode estar dissociado do apelo às forças da alma no sentido de renunciar a si mesmo, é roteiro para a edificação do bem comum.
Disciplina, disciplina, disciplina, recomendada por Emmanuel, não se consegue se não for pelo devotamento e pela força de vontade.
Para tudo, portanto, há uma imperiosa necessidade do controlar as emoções, controlar o pensamento, controlar a mente ou, em última análise, controlar o espírito, sabendo que o espírito encarnado ou desencarnado, ao atuar na matéria por intermédio da força do pensamento, pode exercitar o bem ou o mal.
De um modo geral, a humanidade desconhece que um mínimo de desvio do pensamento voltado para o bem, potencialmente implica um malefício para alguém, para si mesmo e, na pior hipótese, contribui para a perturbação da atmosfera fluídica do planeta. O estudo dos fluidos ajuda bastante à compreensão do mecanismo da influência da atitude moral dos seres humanos no ambiente que os envolve.
Estudando e entendendo as reais consequências que geram nossos pensamentos estaremos mais lúcidos para a transformação que nos cabe realizar. O controle do pensamento é a chave. Aí está o segredo para encontrar o caminho da felicidade.
José Lucas de Silva
Retirado do site www.cme.org.br