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A Tina de Mesmer

Tina de Mesmer (Museu de História da Medicina e da Farmácia de Lyon)



Nos primeiros tempos da descoberta do magnetismo, Mesmer e outros magnetizadores faziam uso de alguns instrumentos, como a tina (ou baquet), a varinha de metal, a magnetização da água, garrafas e de árvores, para aplicação do magnetismo animal.



O instrumento mais utilizado por Mesmer, principalmente enquanto permaneceu em Paris, foi a ‘tina mesmérica’ ou ‘baquet’.



Descreveu Puységur * (1784):



“O fundo da tina do senhor Mesmer é composto de garrafas arranjadas entre si de maneira particular. Acima dessas garrafas, coloca-se água até uma certa altura; varas de ferro, cujas extremidades tocam a água, saem dessa tina; e a outra extremidade, terminada em ponta, se aplica sobre os doentes. Uma corda, em comunicação com o reservatório magnético e o reservatório comum, liga todos os doentes uns aos outros; de modo que existe uma circulação de fluido ou de movimento que serve para estabelecer o equilíbrio entre eles. (...) Se desejar, utiliza-se uma vara de ferro, terminada em ponta, apoiada no meio da tina, que se pode tocar de tempo em tempo, ou de uma recarga que se pode operar à vontade, mantendo este movimento na direção dada; e por intermédio da corda que serve para ligar todos os doentes entre si, chega, como já disse acima, um combate, em cada indivíduo, pelo restabelecimento do equilíbrio, do fluido ou movimento elétrico animal.”



“Toca-se cada uma das garrafas que entram no reservatório magnético, e se lhe comunica então uma impulsão elétrica animal; carrega-se também a água que recobre as garrafas, e, por esta operação, determinam-se as correntes de movimentos que serão levadas para os pontos necessários dos doentes.”


“A tina, sem a ajuda do magnetizador, não deve ser vista senão como um acessório do tratamento magnético, pois que seu efeito, muito secundário, é primeiramente o de manter um movimento já impresso do que imprimir um por si mesma.”



* Marquês de Puységur – Discípulo de Mesmer



Os objetos eram utilizados apenas como condutores ou intermediários da ação do magnetizador. Quando visitavam Mesmer, os médicos alopatas ficavam confusos porque não encontravam qualquer tipo de remédio ou prática invasiva no tratamento dos doentes.



No entanto, Mesmer considerava transitório, e até irrelevante, o uso de instrumentos em sua terapia. A tina remediava o problema causado pelo pequeno espaço disponível no seu apartamento da praça Vendôme, sua clínica em Paris.



“É de se presumir que, se eu tivesse um estabelecimento cômodo, supriria as tinas. Em geral, uso apenas pequenos meios, e isso quando necessários.” (Mesmer, 1799)



Edição de texto retirado do livro: “Mesmer, a ciência negada e os textos escondidos” – Paulo Henrique de Figueiredo – Ed. Lachâtre


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