a obsessão
A obsessão consiste no domínio que os maus espíritos assumem sobre certas pessoas, com o objetivo de as escravizar e submeter à vontade deles, pelo prazer que experimentam em fazer o mal.
Quando um espírito, bom ou mau, quer atuar sobre um indivíduo, envolve-o, por assim dizer, no seu perispírito, como se fora um manto. Interpenetrando-se os fluidos, os pensamentos e as vontades dos dois se confundem e o espírito, então, se serve do corpo do indivíduo, como se fosse seu, fazendo-o agir à sua vontade, falar, escrever, desenhar, quais os médiuns.
Se o espírito é bom, sua atuação é suave, benfazeja, não impele o indivíduo senão à prática de atos bons; se é mau, força-o a ações más. Se é perverso e malfazejo, aperta-o como numa teia, paralisa-lhe até a vontade e mesmo o juízo, que ele abafa com o seu fluido, como se abafa o fogo sob uma camada d’água. Fá-lo pensar, falar, agir em seu lugar, impele-o, a seu mau grado, a atos extravagantes ou ridículos; magnetiza-o, em suma, lança-o num estado de catalepsia moral e o indivíduo se torna um instrumento da sua vontade. Tal a origem da obsessão, da fascinação e da subjugação que se produzem em graus muito diversos de integridade. É de notar-se que, na subjugação, que vulgarmente dão o nome de possessão, o indivíduo tem muitas vezes consciência de que o que faz é ridículo, mas é forçado a fazê-lo, tal como se um homem mais vigoroso do que ele o obrigasse a mover, contra a vontade, os braços, as pernas e a língua.
CONSIDERAÇÕES SOBRE A OBSESSÃO
Cumpre dizer também que freqüentemente se atribuem aos espíritos maldades de que eles são inocentes. Alguns estados doentios e certas aberrações que se lançam à conta de uma causa oculta, derivam do Espírito do próprio indivíduo. O homem não raramente é obsessor de si mesmo.
Acrescentemos, por fim, que algumas obsessões tenazes, sobretudo em pessoas de mérito, fazem às vezes parte das provações a que essas pessoas estão sujeitas. Acontece mesmo que a obsessão, quando simples, é uma tarefa imposta ao obsidiado, qual a de trabalhar pela regeneração do obsessor, como um pai pela de um filho vicioso. (Para maiores particularidades, veja-se o Livro dos Médiuns e o Livro dos Espíritos.)