O mesmerismo é uma visão espiritualista e positiva da natureza, e absolutamente incompatível com o materialismo ou mesmo com a visão religiosa dogmática e sobrenatural da Igreja.
Assim como para Hipócrates(1), a arte de curar, segundo Mesmer, concentra-se em recuperar e manter a saúde, considerada como um estado de equilíbrio.
Identificado o desequilíbrio presente no organismo do doente, o magnetizador, por meio de passes, imposição, insuflação, massagens, exerce uma ação dinâmica pelo magnetismo animal (ou fluido vital) no paciente.
Um tratamento metódico, em sessões regulares, permite que o ciclo da doença se complete rapidamente, invertendo a ação desagregadora e funesta provocada pelo desequilíbrio instaurado. Atingindo o estado crítico, o estado doentio está superado. Finalmente o equilíbrio orgânico se restabelece e o paciente volta ao seu estado saudável.
A terapia descoberta por Mesmer é, assim, muito diferente da supressão dos sintomas empregada pela alopatia. Os sintomas são fenômenos naturais fisiológicos que denunciam o desequilíbrio presente na economia orgânica.
A ação do medicamento alopático, suprimindo os efeitos observáveis, mascara a verdadeira causa da doença. No entanto, apesar dos sintomas estarem omitidos, o estado mórbido ainda permanece no corpo doente. Como conseqüência, se – por sorte – a própria natureza não restaurar sozinha a saúde, surgirão novos sintomas e o estado de desequilíbrio orgânico se agravará. Além de muitos remédios e tratamentos da época de Mesmer serem intoxicantes, venenosos e exaustivos; sua fundamentação científico-filosófica estava equivocada.
Algumas décadas depois, Hahnemann(2) recomendaria o mesmerismo na sua obra máxima, o Organon da arte de curar, e faria uso do magnetismo animal no tratamento de seus próprios pacientes, com uma intensidade relevante.
A medicina alopática mantinha uma orientação materialista sem solução da continuidade desde Galeno(3). E ainda hoje insiste nesse equívoco, afastando da humanidade os benefícios dos meios naturais da cura.
(1) Hipócrates – Estudioso considerado o “pai” da Medicina.
(2) Hahnemann – Médico fundador da Medicina Homeopática.
(3) Galeno – Médico grego, responsável por diversos estudos na área de anatomia e fisiologia.
Edição de texto retirado do livro: “Mesmer, a ciência negada e os textos escondidos” – Paulo Henrique de Figueiredo – Ed. Lachâtre